quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Serra Pelada, o filme, tem muito mais que ouro.


Serra Pelada, o filme, tem muito mais que ouro.
Tem um Brasil que nos envergonhou, carimbó (coisa boa), dor, e o melhor ator brasileiro da atualidade, Wagner Moura, que, embora não seja o protagonista, nos encanta e nos faz felizes. 
Sua interpretação de um cafajeste nacional é extraordinária, convincente, gigante.
Roteiro se emocionou com o mocinho de “Tropa de Elite”. Agora, um bandidão.
Mas ele vem bem acompanhado. 
Juliano Cazarré, o mesmo que fez um rapaz bobo em “Avenida Brasil” e é o “Ninho” da atual novela das nove, Júlio Andrade (Gonzaga - De pai para filho) e a atriz Sophie Charlotte, a jovem e malvada “Amora” de Sangue Bom, completam um quarteto dourado.
Ela nos dá pena, como mais uma criança que vira prostituta numa terra sem lei, mas entra para o cinema.
Parabéns, garota. 
Minhas filhas, que nasceram depois do grande festival de sonhos e atrocidades que o ouro do Pará fez reluzir, ficarão chocadas com aquela montanha que se torna um grande buraco, onde floresceram alguns ricos, padeceram pobres, milhares foram explorados, houve desilusões e mortes, muitas mortes. 
Um “faroeste” tropical, próximo de “Sodoma e Gomorra”.
Os ricos? Confesso que não conheço nenhum. Devem estar por aí. 
Mas o filme é bom, firme, denso, tenso e educativo. Muitas lições.
O Heitor Dhalia, guarde o nome desse Diretor, resgata uma história marcante dos anos 80, documentando para sempre.
Ficção em meio a uma realidade nua e crua e que parece nunca acabar, de certo modo. O filme é de ação, também. Não é só drama.
Consegue, enfim, em meio a tanto brilho de suposta riqueza e nauseabundos extermínios, lembrar que as paixões podem encontrar terreno fértil para uma desgraça, ou várias. 
Viva o cinema nacional e seu novo tempo de ouro. 

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